sexta-feira, 30 de maio de 2008

Antropologia, Guerra, Estado e Religião

O problema dos clãs familiares

Teoria de Claude Levi-Strauss: Os antigos clãs puramente familiares tinham um problema: relações incestuosas geram crianças com problemas. Então para diminuir a "tensão sexual Freudiana" o homem das cavernas tinha duas opções: enviar as suas filhas e irmãs para outros clãs para poder obter mulheres de outros clãs em troca OU ir para guerra para poder pegar as mulheres dos outros clãs. Assim surgiu o mito do incesto. A religião criou uma de suas primeiras leis.

Os índios Ianomâmis

Os Ianomâmis são agricultores que fazem queimadas abrindo clareiras temporárias na floresta, cultivam até que a fertilidade do solo caia e partem para novas clareiras. As crianças são ensinadas a serem agressivas com jogos violentos. A troca de mulheres entre as tribos ameniza a ferocidade dos índios, mas muito frequentemente surgem guerras por causa de traições ou por causa de irmãs de índios que apanham do marido da outra tribo. É nesse momento que surge um novo mito, que controla a escalada da violência: inicialmente trava-se o duelo de batidas no peito, e se não for suficiente escala-se para a luta de porretes, a luta de lanças e a incursão à alteias com ataque de flechas. Os Ianomamis acreditam também que eles foram "foram a primeira, melhor e mais refinada forma de homem a habitar a Terra".

Os Marings

Os Marings são um povo da Nova-Guiné. A densidade populacional deles é dez vezes maior que a dos Ianomâmis. Observa-se nele a batalha ritualizada também, porém de forma muito mais impressionante. São organizadas a cada 10 anos batalhas campais com 2.000 homens onde se travam apenas algumas dezenas de duelos individuais. Os guerreiros iniciam o ritual gritando ofensas, e ativa flechas. O oponente esquiva-se e é elogiado pelas mulheres. Os golpes certeiros eram raros e quando alguém era seriamente ferido ou morto, as batalhas do dia eram interrompidas. Pode-se dizer que as batalhas tinham uma função de controle populacional. Quando ocorriam ofensas maiores podia haver uma escalada de violência para uma guerra "verdadeira" ou uma incursão e desbaratamento de tribo, com tomada de território. Nem sempre porém eles ocupavam o território inimigo, com medo de alguma feitiçaria ter deixado o território inseguro.

Os Maoris

Os Maoris são uma sociedade centralizada, teocrática, mas ainda não pode ser considerada um Estado primitivo. Suas chefias são descendentes dos deuses. A fonte de poder o chefe é dupla: o mana, seu dever sacerdotal de mediar entre homem e deus, e o tabu, seu direito de dedicar para fins religiosos uma porção de "frutos" para os deuses. Esses frutos poderiam ser um banquete, um sacrifício ou a construção de um templo, mas todos acarretavam em tributação e muitas vezes no controle do trabalho. As pressões populacionais fomentavam a guerra e o chefe ganhava mais poder. A guerra dos Maioris sempre seguia um padrão de "vingança" contra outras tribos. Eles também construíam fortificações, e a luta girava ao entorno delas.

A Guerra Verdadeira

Segundo o antropólogo Harry Turney-High: "somente quando uma sociedade passava da guerra primitiva para a guerra verdadeira poderia surgir um Estado, sendo o teste-chave o exército com oficiais". Antes disso porém as religiões já ditavam as regras.

Nenhum comentário: